Trabalhadoras rurais lançam nesta quarta-feira (12) uma campanha de combate à violência contra mulheres do campo e da floresta: "Mulheres Donas da Própria Vida". O lançamento ocorre na Praça Sete de Setembro, Cidade Alta, a partir das 15h, durante o 2º Grito da Terra Nordeste, iniciado na terça (11) em Natal (RN).
O ato terá a presença de Carmen Foro, secretária nacional de Meio Ambiente da CUT e secretária nacional de Mulheres Trabalhadoras Rurais da Contag; da ministra da Secretaria Especial de Políticas para Mulheres, Nilcéa Freire e da governadora do Rio Grande do Norte, Wilma de Faria.
A Campanha realizada pela Contag e Fetags dá início à Jornada das Margaridas 2009, mobilização em defesa dos direitos das mulheres do campo que acontece em agosto, desde 2005, em homenagem a Margarida Alves, sindicalista assassinada no dia 12 de agosto de 1983 por latifundiários do grupo Várzea, na cidade alagoana de Várzea Grande. Na ocasição do lançamento, governo federal e governo do estado Rio Grande do Norte assinarão o Pacto Nacional pelo Enfrentamento à Violência contra a Mulher.
"Queremos que o tema do combate à violência contra as mulheres seja luta de todo movimento sindical e que seja debatido por toda a sociedade", afirma Carmem Foro, explicando que o ato será o momento de mobilizar trabalhadores e trabalhadoras rurais além de toda a sociedade para o combate à violência.
As atividades da Jornada das Margaridas acontecem de 19 a 21 de agosto. Estão programados debates, reflexões, seminários e atividades culturais realizados em comunidades, municípios, e estados, além da grande marcha de mulheres em Brasília.
Margarida Maria Alves era Presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Alagoa Grande, na Paraíba, e fundadora do Centro de Educação e Cultura do Trabalhador Rural. Ela obteve grande destaque na região por incentivar os trabalhadores rurais a buscarem na Justiça a garantia dos seus direitos protegidos pela legislação trabalhista. Promovia campanhas de conscientização com grande repercussão junto aos trabalhadores rurais que, assistidos pelo Sindicato, moviam ações na Justiça do Trabalho, para o cumprimento dos direitos trabalhistas, como carteira de trabalho assinada, 13º salário e férias.
Exemplo de luta e coragem
À época do assassinato de Margarida Alves foram movidas 73 reclamações trabalhistas contra engenhos e a Usina Tanques. Um fato inusitado, em função da então incipiente democracia brasileira, e que gerou grande repercussão. Em conseqüência disso, Margarida Alves passou a receber diversas ameaças. Eram "recomendações" para que ela parasse de criar "caso" e deixasse de atuar no Sindicato dos Trabalhadores Rurais.
A despeito disso, Margarida Alves não escondia que recebia outras ameaças. Pelo contrário, tornava-as públicas, fazendo questão de respondê-las. Um dia antes de morrer, Margarida Alves participou de um evento público, no qual falou dos recados que vinha recebendo. Em seu último discurso, registrado em fita cassete, Margarida denunciou as ameaças que vinha sofrendo e disse que preferiria morrer lutando a morrer de fome.
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