São Paulo - Tropa de choque de quase 2 mil homens, caveirão, armamento
pesado. Com todo esse aparato, começou neste domingo (22), às 6h, a
desocupação do Pinheirinho, em São José dos Campos. Moradores,
lideranças e parlamentares foram totalmente pegos de surpresa.
“O senador Eduardo Suplicy (PT) e o deputado federal Ivan Valente
(Psol-SP) estavam dialogando com o governador Geraldo Alckmin (PSDB), o
prefeito Eduardo Cury (PSDB) e proprietário da área, para achar uma
solução negociada”, afirma o deputado estadual Marco Aurélio Souza
(PT). “O próprio dono da área havia concordado em aguardar mais 15 dias.
Isso tudo foi minuciosamente relatado por Suplicy numa assembleia
realizada ontem (sábado, 21), no Pinheirinho. De modo que todo mundo
estava tranqüilo.”
Para Marco Aurélio, Alckmin manobrou os parlamentares para
desmobilizar os moradores e, aí, fazer a reintegração de posse sem
resistência. “Covardia com os moradores, para pegá-los desprevenidos”,
acusa. “Quebra de palavra com parlamentares importantes de São Paulo. ”
O professor Paulo Búfalo, da executiva do Psol em São Paulo, está
convencido também de que foi uma manobra de má-fé do governador Alckmin.
De um lado, negociava, com os parlamentares. De outro, determinava a
desapropriação da área, uma ação em conluio com a Justiça de São Paulo:
“Todos os relatos que estamos ouvindo aqui, infelizmente, apontam para
isso”.
Sobre mortos e feridos os números são desencontrados. Divulgou-se
mais cedo sete óbitos. Mas isso não confirmado. “Mesmo as lideranças
estão com dificuldade de obter informação”, diz Búfalo. “A tropa de
choque fechou todas as entradas e saídas do acampamento. Ninguém sabe
direito o que está acontecendo lá dentro.”
O fato é quem quem chega ao Pinheirinho está sendo recebido com
bombas, que estão sobrando até para a imprensa e parlamentares. “Eu
guardei de ‘lembrança’ os resíduos da que a PM atirou contra mim”,
observa o deputado Marco Aurélio. “Se a amanhã (segunda-feira) o
governador disser que a reintegração de posse do Pinheirinho foi feita
de forma pacífica, eu tenho como provar que é mentira.”
Protesto
Cerca de 500 manifestantes estiveram no fim da tarde do domingo na
avenida Paulista, num protesto organizado pelas redes sociais contra a
violenta ação de reintegração de posse realizada na comunidade
Pinheirinho. A avaliação é da PM, que acompanhou a manifestação sem
intervir.
Grupos de direitos humanos, de luta por moradia e demais entidades da
sociedade civil organizada, além de parlamentares, prometem
mobilizar-se durante a semana para apurar as responsabilidades da
invasão do terreno de S. José, além de prestar atendimento aos cerca de
5,5 mil moradores da comunidade.
Justiça de SP ignora ordem federal e PM invade comunidade para expulsar moradoresInvasão da PM surpreende governo federalDesrespeito a Tribunal Federal em São José provoca conflito judicial
Postado pelas Assessoria de Imprensa - 22/01/2011
Crédito para Conceição Oliveira, do Vi o Mundo/ Rede Brasil Atual
1 comentários:
Que tipo de governo pode permitir uma proteção absurda a um proprietário de uma área imensa, sem nenhum uso produtivo? O direito a propriedade é Clausula Pétrea, mas poderia-se respeitar a constituição desapropriando a área e indenizando o dono, para isto temos o Estatuto das Cidades que prevê o uso social e viabiliza economicamente a preservação do direito do proprietário, desde que o mesmo se conscientize de sua responsabilidade social.
Não será preciso rasgar a Constituição para preservar ambos direitos, muito menos que se obtenham mortos para preservar a propriedade.
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