Por mais que percebamos que a situação do Brasil é cada vez melhor, a imprensa burguesa brasileira, cooptada pelos bancos internacionais, e testa de ferro dos interesses da globalização e, portanto, do colonialismo e da exploração dos povos pobres pelos países industrializados, à frente os Estados Unidos, insiste, com maior eloqüência nos jornais televisivos e programas de debates, em pintar um quadro de crise, insatisfatório e negativo para a economia nacional.
Além
disso, a imprensa comercial e privada ilustra, sem pudor algum, um
desenvolvimento social e econômico que, pelo que vejo, é fruto da imaginação,
digamos, extremamente criativa dos proprietários dos meios de comunicação, bem
como de seus cooperantes: os editores e diretores do sistema midiático muito
bem pagos para defender os interesses do mercado financeiro e das classes
sociais hegemônicas que controlaram o Brasil e prejudicaram seu povo por quase
50 anos, a partir do golpe civil-militar, que implantou políticas públicas que,
estrategicamente, beneficiaram o capital.
Quanto
mais é visível o combate à violência — como acontece no Rio de Janeiro —, à
miséria e à ignorância de grande parte de nossa população, mais a imprensa
mostra outra realidade, por intermédio da manipulação e de argumentos pontuais
retirados, propositalmente, do contexto das notícias, dos fatos. Outro método
posto em prática pelos barões da imprensa e seus sabujos para que as conquistas
econômicas e sociais não sejam repercutidas é a autocensura, que até hoje perdura
nas grandes redações, quando em momentos de crise ou de questionamentos de
setores politizados da sociedade quanto aos rumos do Brasil, bem como quanto à
conduta dos meios de comunicação privados.
Os
barões de comunicação são os mais atrasados do mundo empresarial e detestam dar
voz aos adversários de seus pensamentos. Corporativos, conservadores e
reacionários, consideram que liberdade de expressão é a liberdade da expressão
deles. E se entenderem que tal “liberdade” está a ser questionada, acusam, a
quem quer que seja, de tentar impor a censura. É a forma esperta e que cria
confusão e polêmica em parte da sociedade que, despolitizada, é capaz de
participar de movimentos de direita como o “Cansei”, que aconteceu em 2007 em São Paulo , ou como o
acontecido na Cinelândia, no Rio de Janeiro, e na Esplanada dos
Ministérios no ano passado, em Brasília.
São
os inocentes úteis que leem revistas e jornais de péssima qualidade editorial,
exemplificados na “Veja”, no “O Globo”, na Folha de S. Paulo”, no “Estadão”, na
“Época” e em quase todos os jornais televisivos, apresentados por âncoras
comprados a peso de ouro e por repórteres que não questionam nem o porquê de
eles serem repórteres. Os patrões da imprensa e seus empregados ‘mauricinhos e
patricinhas’ que, ridiculamente, os chamam de “colegas”, não aceitaram até hoje
as três derrotas eleitorais para os presidentes trabalhistas Luiz Inácio Lula
da Silva e Dilma Vana Rousseff.
Esses
patrões do setor midiático privado que se tonaram multimilionários são
autoritários e se recusam a pensar o Brasil e por isso combatem o seu
desenvolvimento, a sua independência e autonomia. Boicotam e se recusam a
participar de qualquer fórum que discuta o marco regulatório para os meios de
comunicação, bem como qualquer assunto ou realidade que eles consideram que
podem prejudicar os privilégios e o bem viver das classes abastadas, aquelas
que os barões da imprensa e das mídias em geral representam, com ardor e sem
sentimento de culpa, de nacionalidade e de boa vontade para que o Brasil deixe
de ser um País onde existem muitas pessoas pobres e passe a ser um lugar que
cria oportunidades a todos o brasileiros.
É
inquestionável que a imprensa esteve e está sempre ao lado da burguesia
nacional e, por conseguinte, da internacional. Um exemplo é o apoio que os
jornalões e televisões brasileiros deram aos adversários golpistas de Hugo
Chávez e Manuel Zelaya, presidentes da Venezuela e de Honduras. No caso Chávez,
a imprensa brasileira corrupta somente mudou de postura porque, tardiamente, percebeu
que o golpe empresarial e militar foi derrotado, pois nem mesmo o governo
tirano e fascista de George Walker Bush conseguiu segurar as condições
políticas para manter o golpe patrocinado pela CIA, juntamente com a burguesia
venezuelana, que queria e quer mamar na mamadeira do petróleo eternamente, o
que, sobremaneira, não será mais possível. A tentativa de golpe foi um absurdo,
uma baixaria e trapaça, com a conivência, mais uma vez, dos EUA, país
interventor e useiro e vezeiro em quebrar as regras do jogo democrático em todo
o planeta.
Quanto
a Honduras, a atuação e conduta da imprensa comercial e privada (privada nos
dois sentidos, tá?) foi lamentável. Os jornalistas daqui, a mando de seus
patrões e por serem simplesmente subservientes, esmeraram-se. Em pleno
continente americano que foi vítima de ditaduras sanguinárias, os jornalistas
da imprensa hegemônica defenderam a queda do presidente trabalhista eleito,
Manuel Zelaya. Apoiaram o golpe. Mais do que isso: justificaram o que é
injustificável, por ser ilegal, e deram conotações cínicas e mentirosas ao
disseminar pelos veículos de comunicação as ações armadas dos direitistas
hondurenhos contra um presidente constitucional, pois eleito pelo povo daquele
país da América Central.
O
presidente Zelaya, para não morrer ou ficar nas mãos dos golpistas que
assumiram o poder à força, pediu asilo na Embaixada do Brasil, em Tegucigalpa. A
imprensa tupiniquim começou imediatamente a bombardear o Governo Lula e a
desqualificar o presidente hondurenho vítima de um golpe violento, que o
humilhou, pois que foi retirado da cama, à noite, em sua casa por homens a
serviço dos fazendeiros e militares hondurenhos, com o apoio e a cumplicidade
da CIA e do Departamento de Estado dos EUA, país yankee que tem a clava e o
porrete como fundamentos principais de sua diplomacia.
Foi
esse papel indecente que coube à imprensa brasileira. Por causa disso e de
muitas outras coisas, percebe-se, realmente, que ela é capaz de qualquer ação
jornalística e empresarial para manter os status quo das classes privilegiadas,
bem como para defender os interesses econômicos e geopolíticos de países como
os EUA. A imprensa burguesa é alienígena. Não tem pátria e nem cultura. Ela
pertence aos mercados das bolsas, aos mercados financeiros e, inegavelmente,
porta-voz oficial, ao ponto de se transformar em um partido — o Partido da
Imprensa —, que nunca se avalia e jamais reconhece seus erros do passado,
porque se recusa a ter memória. Por esses motivos elencados é que o Brasil
precisa, urgentemente, ter um marco regulatório.
O
ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, tem de, na minha opinião, realizar a
II Confecom e fazer propaganda na televisão aberta sobre o evento, com o
objetivo de chamar a sociedade organizada para debater os meios de comunicação e
as diferentes mídias. Afinal de contas, como queremos que esses meios sejam,
atuem e disseminem educação, informação, lazer e entretenimento? Quais são as
regras que a sociedade brasileira quer e aprova? Por que os barões das mídias
se recusam a debater? Quais seriam as leis, as normas, as regras que
defenderiam o cidadão dos interesses de um empresariado que, mesmo a ser
concessionário do estado e, portanto, do povo, declara-se contra as mudanças
sociais e se recusa, terminantemente, a aceitar que haja a democratização da
comunicação e da informação no Brasil?
Seguramente,
a quebra do monopólio de um negócio de bilhões de reais, que é controlado por
uma dezena de famílias é tudo o que esse segmento econômico não quer. Monopólio
é poder, só que um poder ilegal, como consta nos códigos de Direito e normas da
Organização Mundial do Comércio (OMC) e igualmente constante nas leis da maior
parte dos países. Se é para sermos capitalistas, que sejamos de verdade, a
começar pela obediência às regras do mercado. Não é isso que os capitalistas
apregoam, caro leitor? Só que tudo é mentira, é falso. Os empresários de
comunicação cantam loas e boas ao livre mercado, à iniciativa privada, mas
quando se trata do negócio deles querem, na verdade, reserva de mercado, como eles
demonstraram nas questões da televisão fechada e da banda larga. É o cinismo em
toda sua plenitude e a mentira em forma de oportunismo.
Quem
avisa amigo é! A presidenta Dilma Rousseff e o ministro Bernardo não podem
tergiversar sobre essas realidades. É perigoso. Os barões da imprensa são
cúmplices ativos em um passado recente de golpes contra os governos
trabalhistas de Getúlio Vargas, de João Goulart, bem como infernizaram e
perseguiram Leonel Brizola e quase derrubaram Lula em 2005. O Governo Dilma tem
de democratizar os meios de comunicação, pois é um governo que tem maioria no
Congresso, que vai sofrer pressão, mas a Casa do Povo existe para administrar
pressões, além de discutir os problemas e apontar as soluções. Não vai faltar
coragem.
Entretanto,
se o Paulo Bernardo se eximir de suas responsabilidades, que se troque o
ministro, de preferência que tenha o perfil do ex-ministro Franklin Martins. A
vida é muito curta para nos faltar coragem. Não tê-la é contraprudecente para
uma autoridade de Estado. Então é melhor ficar em casa a ver televisão. O leão
ruge forte e alto e grosso, mas isso não quer dizer que ele não possa se
submeter ao domador, que é a sociedade brasileira. O Governo não pode vacilar e
muito menos enfiar a cabeça em um buraco para não ver o que acontece no Brasil
quando se trata dos empresários que peitam governos trabalhistas e fomentam até
golpes de estado. A presidenta da Argentina, Cristina Kirchner, com o apoio do
Congresso, elaborou e aprovou a Ley dos Medios. É um exemplo para o Brasil. A
presidenta Dilma foi eleita também para dar ao País um marco regulatório para
os meios de comunicação. Que isto fique claro. Não vale à pena ser presidenta
sem ser também estadista. Então, mãos à obra.
Existem
muitos jornalistas que deveriam mudar de profissão e abraçar o “ofício” de
arrivista. O papel da imprensa burguesa, especificamente na América do Sul, é
de ruborizar qualquer canalha. Homens como Getúlio Vargas, Leonel Brizola, João
Goulart e Lula, além de muitos outros cidadãos das diversas atividades humanas,
foram duramente combatidos pela imprensa comercial e privada (privada nos dois
sentidos, tá?), que se aproveitou de subterfúgios os mais mentirosos e
caluniadores para colocar no lugar dos políticos eleitos constitucionalmente
aventureiros golpistas que a permitisse concretizar seus sonhos e devaneios de
riqueza e poder, mesmo que para isso a população brasileira fosse prejudicada
em todos sentidos e em todos segmentos.
Além
de os proprietários dos meios de comunicação pertencerem à elite econômica, boa
parte de seus cooperantes (diretores, editores, colunistas e editorialistas),
apesar de ocupar cargos de chefia, não tem a compreensão política e histórica
dos interesses daqueles que lutam por um País melhor, mais humano e justo. Sabem
que a imprensa é importante mas não dimensionam, de forma lúcida, a importância
que é ser um jornalista profissional antenado com as causas populares e com os
interesses do Brasil institucional.
A
outra parte simplesmente se vende ao establishment para preservar salário,
emprego, poder fictício e, o tendão de Aquiles da humanidade: a vaidade. Vi
pouca gente talentosa subir na hierarquia das redações. E vi muita gente
mediana ocupar cargos de relevância, porém considerados de “confiança”. Isto
acontece sempre e sempre acontecerá em todas as atividades profissionais,
porque é assim que o sistema de poder em geral e de cargos hierarquizados
funciona. É assim que as elites econômicas mantêm seu poder. Por isso que somos
tão atrasados socialmente.
É
muito difícil edificar um País democrático e um povo politizado com uma
imprensa que defende, em primeiro lugar, os interesses de uma minoria nacional
e estrangeira, porque o segmento midiático faz parte de uma “elite”
internacional, que se preocupa em apenas manter seus privilégios financeiros,
manter o status quo e com isso usufruir das benesses que um capitalismo
capenga, mercantilista e selvagem, fruto de rapinagem e de regras desleais e
inconstitucionais, pode proporcionar a poucos nababos. Um modelo econômico exportador
imposto ao povo brasileiro há cinco séculos, especificamente desde 1964, que
somente atende à meia dúzia de empresários e à meia dúzia de governantes, que
se encastelam nos palácios, de forma covarde e leviana, sem se preocuparem com
o destino da população pobre e também de classe média, expostas, em seu dia a
dia, a todo tipo de humilhação e vergonha, retratadas nos baixos salários, no
desemprego, na escola de baixa qualidade, na saúde corrompida, nas altas taxas
de juros, nas dívidas públicas externa e interna, na falta de reforma agrária,
saneamento básico, moradia, pavimentação das rodovias e, principalmente, na
violência, que ceifa a vida de milhares de jovens e pais de família todo ano.
São
uma vergonha nacional a nossa elite, os nossos burgueses, que querem perpetuar
esse estado de coisas e por causa disso combatem os governos trabalhistas no
decorrer da nossa história. Uma desfaçatez e irresponsabilidade dos governantes
conservadores e neoliberais como o do ex-presidente tucano Fernando Henrique
Cardoso, que vendeu o Brasil e mesmo assim foi ao Fundo Monetário Internacional
(FMI) três vezes, com o pires na mão e nenhuma vergonha no que diz respeito à
situação do Brasil naquele momento. Subserviência e humilhação total.
Inesquecível, pois governou para os ricos e não trabalhou para o bem-estar dos
brasileiros.
Os
homens e mulheres de mando da “grande” imprensa, dos meios de comunicação,
juntamente com os militares generais e o grupo político que assumiu ilegalmente
os destinos do Brasil em 1964 (UDN, Arena, PDS, PFL e finalmente DEM) têm uma
enorme dívida com a sociedade brasileira, talvez impagável. Apesar de tudo, os
democratas e verdadeiros nacionalistas sabiam que essa gente tomou o poder à
força para atender os interesses do capital internacional e da burguesia
nacional.
Agora,
convenhamos, para partido político como o PSDB realmente não haverá perdão. Sua
dívida com o povo brasileiro nunca será paga. A maioria de seus integrantes
veio da esquerda democrática, do socialismo democrático, da social democracia e
muitos eram marxistas. Fernando Henrique Cardoso (e seu governo entreguista)
deveria se envergonhar quando se olha no espelho. Deveria rememorar suas
palavras, seus ideários, seus programas de governo discutidos antes de assumir
o poder e suas lutas pela redemocratização do País e perceber que ter sido
presidente não foi somente colocar a faixa presidencial no peito. Ser
presidente requer coragem. Ser presidente não basta. Tem de ser estadista. Tem
que ser muita corajoso para enfrentar os que não querem o desenvolvimento da
civilização brasileira, a mais diversificada e plural do planeta. FHC deveria
ter como fé a palavra Verdade, bem como os meios de comunicação, sempre a
serviço dos bancos internacionais e da burguesia tupiniquim frívola, egoísta,
fútil e sem caráter nacional. É isso aí.
Postado pela Assessoria de Imprensa – 10/01/2011
Crédito para – Palavra
Livre – Jblog - Jornal do Brasil – Davis Sena Filho (jornalista formado pela
Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Trabalhou como editor, redator,
produtor e repórter em jornais, revistas e TV. Também foi assessor de
imprensa em vários órgãos públicos, instituições e sindicatos em Brasília e no
Rio.)
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