São Paulo – Mais de mil famílias ainda não foram atendidas após a reintegração de posse do último domingo (22) na comunidade do Pinheirinho, em São José dos Campos, a 97 quilômetros de São Paulo, onde 1,6 mil famílias retiradas durante ação de reintegração de posse.
Os moradores buscam abrigo sob algumas tendas instaladas pela prefeitura e também na Igreja Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, no Campo dos Alemães, onde as pessoas dividem o espaço e dormem nos bancos e no chão.
As tendas em que as pessoas alojam seus pertences não oferecem proteção
contra o mau tempo e foram montadas diretamente sobre o chão de terra.
A prefeitura anunciou no domingo que havia feito o cadastramento de
235 das famílias desalojadas na ocupação. Destas, 120 irão receber
auxílio-aluguel, 110 alojamentos temporários, e outras cinco devem
voltar à cidade natal.
Porém, segundo a assessoria de imprensa da
prefeitura, não há mais informações sobre a ampliação da assistência
para mais famílias.
Durante o começo da manhã desta segunda-feira (23), houve novo
confronto entre a Polícia Militar, a Guarda Civil Municipal da cidade e
os moradores do Pinheirinho. As pessoas, que no domingo foram retiradas
sob balas de borracha e gás lacrimogêneo de suas casas, protestavam pelo
direito de retirar seus pertences das moradias. Após o conflito, a PM
permitiu que os moradores entrassem no Pinheirinho, acompanhadas de
policiais. Ao total, já são 30 pessoas detidas na operação de
reintegração de posse, segundo a PM.
Os abrigos – que recebem também crianças e idosos – são improvisados e
precários, de acordo com o Sindicato dos Metalúrgicos de São José, que
acompanha a desocupação. Há denúncias de que a PM tenha agido com
truculência até mesmo fora do Pinheirinho, jogando bombas de gás
lacrimogêneo no pátio da igreja na noite de domingo. As pessoas ali
abrigadas têm o apoio do padre local.
A maioria dos moradores ainda está sem informação sobre a operação,
inclusive sobre vítimas da violência policial. A Polícia Militar garante
que a ação não deixou feridos, nem mortos. Já os moradores denunciam
casos de adultos e crianças feridos com gravidade e falam de óbitos.
Segundo o Sindicato dos Metalúrgicos, o Hospital Municipal não informa o
atendimento a casos relacionados com a reintegração.
A ação, ordenada pela justiça de São Paulo, desrespeitou
uma decisão do Tribunal Regional Federal, que suspendia a operação. A
desocupação do terreno de 1 milhão de metros quadrados favorece o
megaespeculador Naji Nahas. O efetivo de mais de 2 mil policiais
militares surpreendeu o governo federal.
O ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gilberto Carvalho,
afirmou que a presidenta Dilma Rousseff está ciente dos acontecimentos, e
enviou outros dois ministros (José Eduardo Cardozo, da Justiça, e Maria
do Rosário, dos Direitos Humanos) para acompanhar a situação. Cardozo,
inclusive, fez contato com o governador Geraldo Alckmin (PSDB) na
tentativa de aliviar a pressão policial no local.
A truculência atingiu não só os moradores, mas também militantes e
representantes do governo que visitaram o local. Por meio da rede social
Twitter, o deputado federal Paulo Teixeira (PT-SP) denunciou que o
secretário de Articulação Social da Presidência, Paulo Maldos, foi
atingido por bala de borracha pela PM paulista, enquanto tentava entrar
no Pinheirinho.
Postado pela Assessoria de Imprensa - 23/01/2011
Crédito para Letícia Cruz, Rede Brasil Atual
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