ISTO
Reportagem publicada no jornal O Estado de São Paulo (4/05/2009) relata um espetáculo que nenhuma de nós imaginava possível. Uma retro escavadeira destruiu não apenas a vegetação, mas deslocou grande quantidade de terra e pedras de um morro que se encontra na Estrada da Fortaleza à altura do número 1.900.
Alguns dos participantes deste movimento viram a destruição sendo levada adiante na sexta-feira e no sábado, dias 27 e 28 de março. Procurando informações sobre a razão daquela barbaridade foram informados por pessoas que se encontravam no local que se tratava de trabalho preventivo visando evitar que a erosão provocasse danos aos veículos e pedestres que passassem pelo local.
Quando a destruição teve início, não havia sequer uma placa descrevendo o trabalho. Não foi feito contato prévio com qualquer das três associações das praias próximas à devastação: a da Praia Dura, a da Praia Brava ou a da Praia Vermelha. Alguém poderia dizer: é uma propriedade particular e seu dono pode fazer o que bem entende sem consultar ninguém. Mas destruir um morro é não apenas contra o bom senso, mas também contra a lei. Dizer que isso será feito como benefício público sem que o público em questão seja consultado só pode levantar suspeita sobre a intenção de quem o faz.
Conversas com moradores do local, com os guardas das três praias e nossa experiência pessoal de freqüência a estas praias desde (para alguns de nós) a década de 1980 indicam que nunca houve qualquer problema de erosão neste local. Se houvesse e se a presença da retro escavadeira fosse motivada pela necessidade de prevenir acidentes, seria esperado que houvesse contato prévio com as associações locais e houvesse placa explicando o trabalho.
A devastação ocorreu a menos de trinta metros de um córrego e desequilibrou o equilíbrio (sempre precário, tratando-se de Mata Atlântica) entre vegetação e vazão das águas. Hoje, mesmo quando não chove, há água atravessando a estrada da Fortaleza e descendo, exatamente numa curva. Já aparecem buracos na estrada e nada disso havia antes do início da devastação.
Nascente existente no local:

Este abaixo assinado tem o objetivo de solicitar que o Ministério Público, a Prefeitura de Ubatuba, a Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo exijam:
A. que tenha início imediatamente a reparação do estrago por meio de plantio de vegetação nativa;
B. eliminação da estrada que dá acesso ao alto do morro e proibição formal de qualquer empreendimento, comercial ou particular, que tenha por base o fato consumado da destruição
C. punição dos responsáveis
Como cidadãos, proprietários, freqüentadores e, sobretudo, admiradores da beleza de uma das mais preservadas áreas da Mata Atlântica não nos cabe emitir julgamento sobre o eventual fundamento jurídico desta destruição. Mas temos certeza de que nada justifica que se destrua um morro e se comprometa o equilíbrio de uma paisagem em região de equilíbrio ecológico tão delicado e tão complexo.
Esta carta, site e os abaixo-assinados serão encaminhados também órgãos competentes e imprensa para que acompanhem a evolução dos fatos.
Foi-se o tempo em que a devastação ambiental se justificava por razões supostamente econômicas ou sociais diante das quais a impunidade era a resposta predominante. Não é possível que, diante da maturidade das instituições e da sociedade civil do Estado de São Paulo, tenhamos que assistir passivamente à destruição de um patrimônio que é de todos nós e que tem que ser legado às gerações futuras.
Fonte: http://morropraiadura.blogspot.com/
0 comentários:
Postar um comentário