terça-feira, 20 de janeiro de 2009

Você joga dinheiro no lixo?


Maurício Moromizato

Em Ubatuba, quem pagar IPTU sem reclamar vai JOGAR DINHEIRO NO LIXO!
É caro leitor, você leu corretamente. Quem tem imóvel em Ubatuba está literalmente jogando dinheiro no lixo se pagar o carnê do IPTU tal qual a prefeitura enviou, com a taxa de lixo aprovada por nossos vereadores na calada da noite, no final de dezembro.
Estive pesquisando com a população e são dois os sentimentos: de surpresa, aos que não perceberam que o aumento do IPTU está relacionado à criação da taxa do lixo; e de revolta, de quem já percebeu e consegue perceber o absurdo que representa transbordar toda a produção do lixo para outra cidade.
A reação, tímida no início, começa a aumentar.
No dia 23 de Dezembro, abordei o tema nessa coluna, e recebi diversas manifestações, trazendo informações e apontando soluções.
A leitora Sônia escreveu dizendo que era uma “bomba anunciada” e que caiu, de fato. Diz ainda “Com relação ao lixo gostaria de saber quem fiscaliza a coleta? Ela realmente está acontecendo como deveria? No meu bairro, por exemplo, divulgaram que a coleta seria feita uma de madrugada, outra no final da tarde. Ontem coloquei o lixo na rua as 12h00 e até agora a tarde não havia sido recolhido. Qual a verdade e qual a fiscalização?”

Já Regina, escreveu que “Esta é outra crônica de mais uma morte anunciada. Quatro anos teriam sido suficientes para a implantação de um programa efetivo de coleta seletiva, que iria ajudar a diminuir consideravelmente o volume de lixo a ser enterrado e, agora, transbordado. Mais: um programa dessa natureza ajudaria a conscientizar a população do volume de lixo produzido diariamente por cada indivíduo, provocando a inquietação necessária a qualquer mudança de comportamento, ampliando a chance de cada cidadão adotar a prática dos 5R's: repensar, reduzir, reaproveitar, reciclar e recusar. O colapso no sistema de coleta e destinação do lixo não foi uma surpresa para ninguém que acompanha os descasos com a questão do saneamento básico, mas é surpreendente que nem sequer em meio ao caos a administração pública tome uma providência básica e incentive a coleta seletiva.” E completa sua mensagem informando que enviou correspondência ao Instituto Biosfera cobrando explicação sobre o prêmio dado ao nosso prefeito, pois quer compreender “como um município que não tem um programa efetivo de coleta seletiva, precisa transbordar o seu lixo e ainda ostenta praias impróprias para banho pode ser valorizado por ter "consciência" da sustentabilidade.”

João Rocha coloca que a Gestão dos Resíduos Sólidos Urbanos, lixo incluído, é um absurdo, da maneira que ocorre e que o problema não é resolvido de forma eficaz, questionando se é por incompetência administrativa, falta de vontade política ou conveniência com quem lucra com o lixo. Informa ainda que 35% dos resíduos sólidos são recicláveis (peso) e que esses mesmos resíduos sólidos correspondem a 70% do volume de lixo. Informa que é fundamental a implantação da coleta seletiva, que aumenta a vida dos locais de depósito de lixo e ao mesmo tempo promove a Educação Ambiental da população, despertando inclusive a consciência individual para outros fatores relacionados à qualidade de vida. Afirma que a coleta seletiva pode gerar trabalho e renda para os catadores, com renda mensal média de oitocentos reais e que os municípios que já implantaram a coleta seletiva provam que é vantajosa para todos.

Guilherme se diz surpreso pela decisão tomada na calada da noite e sem participação popular. Diz que “Surpreende não só pelo absurdo de tomar uma ação dessas na calada da noite, mas por não haver participação popular na decisão, pelo simples absurdo que é em pleno século XXI exportar todos os resíduos sólidos de Ubatuba a Tremembé e sequer propor uma ação de educação intensiva em todos os níveis da sociedade alertando as pessoas para reduzir ao máximo o lixo gerado, surpreende por não implantar efetivamente um sistema de coleta seletiva que faça destinação adequada dos resíduos, surpreende por não propor sistemas locais de tratamento (compostagem de podas verdes, e resíduos orgânicos, biodigestores para geração de gás e energia com resíduos orgânicos,...) e reciclagem dos materiais possíveis, da formação de cooperativas de trabalho e tantas outras soluções tecnicamente possíveis e socialmente plausíveis.

Luís Carlos relata que “recentemente, a arquiteta Márcia Macul, que possui residência na Estrada da Almada, esteve na Câmara Municipal para expor o Projeto Lixo Zero, em que até o lodo das estações de tratamento são transformados em bloquetes. Não seria o caso de tentar Implantá-lo na cidade?” e questiona: “Se outras cidades conseguiram resolver o problema da destinação dos resíduos sólidos de maneira sustentável e inteligente, por que Ubatuba não pode conseguir?” Continua colocando que na questão do lixo apesar de outros aproveitamentos, a melhor solução é a Coleta Seletiva, que gera trabalho e renda para os Moradores e Empreendedores, organizados nas Cooperativas e é a maneira mais inteligente de re-aproveitar os Materiais Recicláveis, que viram insumos para produção industrial e que constituem 40 % do material descartado, outros 50 % de Material Orgânico (podem e devem ser aproveitados como adubo), o que é para ser disposto em Aterros é apenas 10 % do Lixo gerado nas Residências. Finaliza afirmando que “A Coleta Seletiva de Lixo é a única solução inteligente para Ubatuba e todo Litoral Norte, pois: Resolve o problema de coleta e disposição do lixo domiciliar; Tem um custo bem mais baixo que o "transbordo"; Cria trabalho e renda; Aumenta a consciência do Cidadão; e Tem total impacto positivo para o Meio-ambiente; enfim, Tudo de Bom!

Rui relata em “VITÓRIA DA VITÓRIA” o caso da COOPERUBA-UBA, da região Sul de Ubatuba, que atua na coleta seletiva e teve projeto aprovado pela Petrobrás, e que pretende atingir todo o município de Ubatuba em três anos. E aqui nesse mesmo espaço do Ubatubavibora lança uma provocação: “a CETESB, órgão do governo estadual obrigou as prefeituras a encerrar os aterros sanitários, permitindo apenas um centro de triagem em Caraguatatuba e a exportação para aterros aprovados. Será que não existe outra solução?”

De minha parte, lanço outras provocações, que vão muito além das ambientais e dizem respeito à economia do município. Cada real gasto incorretamente com o transbordo do lixo, será um real a menos na economia municipal, afetando padarias, mercados, médicos, dentistas, lojistas, agricultores, pescadores, enfim, todas as atividades comerciais e com isso, tendo impacto na riqueza do município, no emprego e na saúde financeira do município. É inconcebível para mim a falta de manifestação da Associação Comercial de Ubatuba, como se a questão não lhe dissesse respeito, ACIU que inclusive coloca em seus informativos que atuou em diversas ocasiões no município, tais como Zona Azul, Festival de Verão, etc. E o dinheiro do lixo exportado, será que não afeta os empresários e o município na opinião da ACIU?
Os cidadãos, leitores dessa coluna, já fizeram as contas de quanto dinheiro irão “jogar no lixo”, se nada for feito. O quanto retirará de sua renda, de seu consumo e de sua qualidade de vida. Dinheiro de lazer, de cultura, de saúde, de educação, indo para pessoas e empresários que lucram com o lixo e com a miséria alheia?
E os nossos novos vereadores, o que têm a dizer da lei aprovada por seus antecessores, na calada da noite? Concordam com ela e com a abordagem da prefeitura à causa?
E a imprensa. Está na hora de mostrar que não é chapa branca. Que tal uma abordagem técnica do tema para “Agitar” a “Cidade” e respeitar as “expressões caiçaras”, mostrando que é realmente “imprensa livre”?
Nessa época de crise, vamos deixar nosso dinheiro ir para o lixo, levando junto nossa cidadania e nossos direitos?
Replico abaixo o convite para o evento “transbordo: solução ou problema?”, promovido pelo movimento “Ubatuba em Rede”, a ser realizado dia 27 próximo às 19h na câmara municipal. O movimento está utilizando apropriadamente a realização do Fórum Social Mundial, que ocorrerá em Belém, para manifestar aqui em Ubatuba que “um outro mundo e uma outra Ubatuba são possíveis”, depende de cada cidadão e cidadã.
Estarei presente no evento do Ubatuba em Rede e para não ficar apenas nas palavras e provocações, informo que não paguei a primeira parcela do IPTU com taxa de lixo, como forma de protesto e discordância individual. E que junto a outros cidadãos estou estudando uma forma de abordagem legal e política para a questão.
Junte-se a nós e venha discutir a questão.

Finalizo, nesse dia da posse de Barak Obama como presidente dos Estados Unidos, com todos os simbolismos que traz (negro, mudança de partido no poder, crise do neoliberalismo, etc.), para trazer para Ubatuba e para essa questão do lixo o seu bordão máximo de campanha: “sim, nós podemos”.

Maurício Moromizato

TRANSBORDO: SOLUÇÃO OU PROBLEMA?
Venha discutir essas questões
Dia 27/01/09 às 19 horas
Câmara Municipal

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