domingo, 7 de dezembro de 2008

Lula reafirma que não vai deixar de investir em crescimento por causa da crise

Na avaliação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, entre os países que formam o G20 (grupo que reúne as principais economias desenvolvidas e emergentes do mundo) o Brasil é o mais bem preparado para enfrentar a crise econômica mundial e, por isso mesmo, não vai deixar de investir “um centavo” do que estava previsto em razão do momento delicado por que passa a economia mundial.

Falando de improviso durante o lançamento do Fundo Setorial do Audiovisual, no Rio de Janeiro para uma platéia formada basicamente por artistas e intelectuais, na sede o Ministério da Cultura, no Rio de Janeiro, o presidente disse que o momento não é de desespero e que o Brasil vai sair desta crise ainda maior e mais fortalecido do que se encontra hoje.

“É lógico que eu acho que é correto e necessário fazer uma analise da crise, mas é preciso que tenhamos a dimensão correta do que está acontecendo no mundo, até porque o mundo também não é bobo de se deixar auto-quebrar”.

Na avaliação do presidente, o país hoje está numa situação infinitamente melhor do que em qualquer outro momento de sua história. “Hoje nós somos um país com uma economia consolidada, com US$ 207 bilhões de reservas, com uma dívida pública que representa apenas 36% do PIB (Produto Interno Bruto), quando um país como a Itália (desenvolvido) tem 105% do PIB de dívida pública e outro país desenvolvido como os Estados Unidos têm uma divida pública de quase 70% do Produto Interno Bruto”.

Para o presidente parte dos problemas decorrentes da queda das exportações em conseqüência da retração da economia mundial pode ser resolvido internamente, porque o país tem um mercado grande e pungente.

Na avaliação do presidente Lula, a crise atual é mais séria que a de 1929, considerada até hoje como a mais grave da história da economia mundial, mas sustentou que ainda assim o país não pode se acovardar.

"Em época de crise, a gente não pode se acovardar. E eu posso garantir a vocês que quanto mais crise, mais investimentos vamos fazer, porque isso é que vai gerar emprego e renda. Não podemos deixar que a roda-gigante da economia deixe de girar, porque aí é que a crise pode se instalar no país”, disse.

Lula comparou o mercado a um adolescente que se julga independente, mas, diante da "primeira dor de barriga", volta para a casa dos pais.

"O que aconteceu com o mercado é que quando deu dor de barriga, chamaram o Estado, que negaram durante 20 anos. É por isso que o mercado precisa de controle e de regulação", afirmou.

O presidente criticou ainda o que chamou de “elite colonizada”, que achou fantástico o anúncio do presidente dos Estados Unidos, Barak Obama, de que criaria 2,5 milhões de empregos até 2011, e muito pouco se falou que este ano no Brasil foram criados 2,149 milhões de empregos com carteira assinada.

“Certamente que não mereceu [as informações sobre o número de empregos gerados no Brasil] 10% de destaque dos 2,5 milhões de empregos do Obama até 2011. Certamente o Obama sabe que ele tem que trabalhar logo para resolver a crise americana, porque se hoje a crise é do Bush, pois ele não tomou posse ainda, depois de oito meses a crise passa ser dele”.

Na opinião do presidente da República, é exatamente em épocas de crise que se tem que fazer os gastos necessários.

“O que nós precisamos, enquanto presidente e governadores, é tomar a seguinte decisão: nós não vamos investir nenhum centavo em custeio enquanto tivermos dificuldade, mas vamos investir todos os centavos possíveis em coisas produtivas, que possam gerar emprego, distribuição de renda, salário e poder de compra para o povo brasileiro. É por isto que eu sou um cidadão otimista”, disse.

Bancos

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que o governo tem sido obrigado a agir com mais rigor porque os bancos estão dificultando o acesso da população e empresas a financiamentos nesse momento de crise financeira. De acordo com o presidente da República, apesar do Banco Central (BC) ter deixado no caixa dos bancos cerca de R$ 100 bilhões pela liberação do compulsório, dinheiro que os bancos são obrigados a recolher ao BC, esse dinheiro não tem chegado a quem precisa.
“Liberamos R$ 100 bilhões do compulsório, mas acontece que esse dinheiro chega no banco, como tem pouco dinheiro no sistema financeiro, esse dinheiro fica mais caro, porque os bancos estão escolhendo cliente seis, sete, oito estrelas. Mesmo empresas grandes, às vezes, têm dificuldade de pegar dinheiro. Isso está nos levando a uma situação mais temerária. Estão obrigando o governo a agir com maior rigor.Em época de crise a gente não se acovarda”, avisou Lula, durante lançamento do Fundo Setorial do Audiovisual, no Rio de Janeiro (RJ).

O presidente afirmou se sentir sozinho e otimista demais ao repetir várias vezes que o Brasil não sofrerá efeitos drásticos por conta da crise. “Às vezes, me sinto como se fosse o Don Quixote, às vezes me sinto sozinho tentando pregar um otimismo de uma coisa muito prática que é fazer a economia girar. O sistema financeiro brasileiro não está comprometido com o subprime [mercado de hipotecas de risco], portanto temos um sistema financeiro capaz de dar lição ao sistema financeiro [internacional] que durante tanto tempo deu palpite sobre nós”, disse.

Demissões na Vale

O presidente Lula também informou durante o ato que pediu explicações ao presidente da Vale, Roger Agnelli, sobre a demissão de 1.300 funcionários da empresa. De acordo com Lula, Roger Agnelli lhe disse que as demissões foram conseqüência do aumento do processo de informatização da empresa.

“Ele [Roger] falou: ‘Presidente, as pessoas foram dispensadas pela inovação tecnológica da empresa, a informática entrou dura e nós dispensamos muita gente que trabalhava no escritório”, relatou o presidente.

Apesar das explicações da Vale sobre as demissões, Lula criticou a imprensa por não ter noticiado as contratações feitas pela mineradora este ano. “A imprensa não diz que neste ano a Vale do Rio Doce contratou 6.200 funcionários. Se a gente mostra apenas uma cor, a gente não permite que as pessoas vejam que o mundo também tem um colorido”, disse.

Fonte: http://www.pt.org.br/portalpt/index.php?option=com_content&task=view&id=72599&Itemid=195

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